Felicidade e riqueza

Cartas

São Paulo, 30 de novembro  de 2001

Queridos irmãos,

Acredito que toda vida consciente está ligada a algum objetivo.

Percebo que a cultura material faz com que tenhamos como objetivo final, ser ricos, aposentar, e depois, e somente depois curtir a vida.

A mente humana tem como um dos parâmetros de avaliação o sistema comparativo.

Assim, para saber se estamos bem, ou mal, para saber se aquilo é bom ou ruim, utilizamo-nos de nosso senso comparativo.

E assim, pensando no convívio social, automaticamente, fazemos uma estratificação da sociedade, onde os extremos estão representados pelos estão muito bem e os que estão muito mal.

Em uma cultura onde o dinheiro é a moeda de avaliação, a sociedade é estratificada, entre os miseráveis, pobres, classe média, ricos e muito ricos.

Utilizando-nos de nossa mente comparativa, visualizamos que quem é mais rico que nós, está conseqüentemente melhor que nós, e quem é mais pobre que nós, evidentemente, estaria pior que nós.

Aqui faço uma confissão:

Quando eu tinha como objetivo final, o dinheiro,  gozando de todas as conseqüências benéficas (sustentar uma família, fazer viagens, ter uma casa, um carro, etc…) – nunca pensei nas maléficas, que hoje percebo existirem (ser pedido, ser visto com olhos interessados pelos que estão a minha volta, sofrer com a perda do dinheiro, ser roubado, perder a razão de viver quando se alcança o objetivo, se afastar dos amigos que pertencem a outras  “classes sociais”, por preconceito próprio, ou daqueles que se sentem inferiorizados, etc…) – via com uma certa pitada de inveja as pessoas que se encontravam acima de mim nesta escala de errônea de valores materiais, e da mesma forma, com uma certa dose de desprezo os que se encontravam em um nível inferior.

Assim, procurei durante muitos anos me relacionar com as pessoas do mesmo nível social, pois assim, eu estaria evitando estes meus dois sentimentos ruins, e que me causavam um certo desconforto espiritual.

Hoje, tendo mudado radicalmente meus valores, e colocando como objetivo  de vida a FELICIDADE, percebo, que ainda continuo estratificando a sociedade, através de meu pensamento comparativo, porém avaliando as pessoas através do grau de felicidade que se encontram, e não mais, pela quantidade de bens que possuem.

Vejo que alguns daqueles que pensei estarem “acima” de mim, na verdade estão no mesmo nível ou até mesmo abaixo, e por outro lado, parte daqueles que estavam em um nível inferior a mim, nesta nova forma de estratificação[1], está muito superior a mim.

Que loucura ! Como o mundo pode mudar quando mudamos os valores !

Analisando profundamente este meu sentimento novo, percebo que não sinto inveja das pessoas que estão em um nível melhor do que eu, nem tampouco, desprezo por aquelas que estão abaixo. Em verdade, sinto admiração pelos mais FELIZES, e compaixão pelos menos FELIZES.

Questiono-me sobre a razão desta mudança de sentimentos, pois pela lógica eu deveria também sentir inveja dos que são mais FELIZES do que eu, e desprezo pelo menos FELIZES.

Após pensar muito, cheguei  a seguinte conclusão:

Acredito que o fato de estar do lado de pessoas FELIZES, me faz sentir mais FELIZ.

Assim, é bom para mim, que todos sejam FELIZES ! Isto fará com que eu também seja cada vez mais FELIZ !

Por isso, o sentimento mudou !

É muito mais fácil crescermos FELIZES, em um mundo onde se convive com pessoas FELIZES !

Ou seja, é do meu íntimo interesse que todos sejam FELIZES !

Por isso, torço,  e muito, para que a FELICIDADE irradie o lar de cada um de vocês que estão em  minha volta, e peço para que me ajudem a me tornar cada vez mais FELIZ.

SEJAMOS FELIZES !

Paulo T Korte

 

 

 

 

 

[1] Acrescento aqui, que não obstante pensar racionalmente que estamos estratificados por este novo valor denominado FELICIDADE, o que facilita minha visão do mundo, tenho um sentimento,  que ainda não sei explicar,  que me diz que todos estamos no mesmo nível, e que cada um tem os seus próprios desafios,  e suas próprias funções,  em busca da FELICIDADE.

Last modified: 26/08/2019

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