Família e Organização de Poder

Crônicas

Nas famílias de antigamente o valor maior era a autoridade, e o poder, do seu chefe. O poder sobre a família era exercido pelo homem, o marido e pai. E na hierarquia o segundo lugar era o do filho mais velho. Também homem. Essa autoridade paterna era absoluta. Ele não apenas decidia, mas mandava. Mandava em tudo e a obediência era obrigatória. Por muitos séculos isso era sustentado inclusive pela justiça. Mas os tempos mudaram, as famílias mudaram. Muito da democracia dos regimes políticos também se instaurou nas famílias.
Apesar da autoridade do pai e da mãe – e não mais apenas do pai – ter sido reduzida, ela ainda é exercida, principalmente quando os filhos são crianças ou menores.
Apesar de muito mais liberal, na família de hoje ainda há o exercício do poder. Claro que o pai não decide mais com quem os filhos, e principalmente as filhas, se casarão, nem decidem qual será a profissão dos filhos.
Com o amadurecimento e crescimento da família o poder antes exercido pelo pai e mãe vai naturalmente sendo reduzido. Com filhos adultos os pais não têm mais o mesmo poder de decisão e obediência quando os filhos eram pequenos.
À medida que a família cresce e filhos se casam, genros, noras e netos se adicionam, e o poder daquele que exercia a liderança tende a diminuir e se distribuir. Isso é inevitável na família grande. Assim, o ancião que detém o cetro da família – como antigamente os reis o detinham do reino – gradativamente vai deixando de exercer essa liderança. Neste momento é hora de pensar em transferir ou dividir esse cetro. E não é mais aquele direito hereditário em que só o primogênito poderia assumir.
Nestes novos tempos, o cetro – a liderança da família – deve ser transferido para quem concentre o consenso entre todos. E é bom que essa indicação ocorra enquanto o líder ainda seja capaz. Na sua ausência – por grave doença ou morte – e sem a indicação de uma nova liderança, corre-se o risco do vazio e da desagregação da família.
Essa escolha não deverá recair sobre quem tem mais recursos nem a casa com mais espaço para poder receber a todos. Mas aquele que tem maior trânsito com todos os membros, e cujo afeto e dedicação à família sejam reconhecidos pela maioria.
Àqueles que ainda detêm o cetro, geralmente os idosos, pensar em ser convidado ao invés de convidar, em ser aconselhado ao invés de só aconselhar, de também ouvir… é um bom ingrediente para ir passando o cetro suavemente, com a concordância de todos.
Nas festas de família, tão importantes para a manter sua identidade e união, a gente pode perceber isso naturalmente, naquele lugarzinho especial reservado para o ancião e/ou anciã. Lembre-se: quem foi rei, nunca perde a majestade. E assim, prosseguirá a família.
E então, qual a nota, de zero a dez, para o item “Organização de Poder” da sua família?

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Last modified: 08/07/2020

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