Meu Pai

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Todo mundo quer ter uma vida boa.
Meu pai não.
Meu pai escolheu uma vida interessante, cheia de emoções, aventuras e intensa.
Resolveu, ainda jovem, ter 12 filhos.
E cumpriu com seu propósito.
Ensinou os filhos a andar a cavalo, a pescar, a amar as árvores, os rios, os campos e os animais.
Nas inúmeras viagens que fizemos pelo Brasil de carro, ficava em êxtase ao ver um animal selvagem.
E compartillhava conosco sua alegria.
Ensinou os filhos o amor à família. A cada neto e bisneto, a alegria que demonstra é a mesma do primeiro. Impressionante a festa que ele faz a cada gravidez, a cada nascimento.
Ensinou os filhos o amor a Deus e a Jesus Cristo. A sua espiritualidade, exaltada em seus escritos, em seus discursos e na rotina da sua vida, mostra a sua forte ligação com Deus e com Jesus. É uma forma de explorar os limites da sua própria personalidade.
Ensinou os filhos o amor ao conhecimento. Sua biblioteca com alguns milhares de exemplares mostra o quanto estudou na vida. Os presentes de Natal ao longo da infância, normalmente eram livros. Hoje tenho plena consciência do valor deles, que ampliam nossa alma que tende ao infinito.
Ensinou os filhos o amor às viagens. É bom conhecer outros lugares, para saber que pessoas vivem felizes em lugares e formas diferente.
Além de tudo isso, ensinou aos filhos com o exemplo e com o discurso a CORAGEM. E para descrevê-la cito uma passagem da literatura brasileira, que ele sempre costuma citar:
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.” (Gonçalves Dias)
Como filho, procuro seguir todas estas lições que me foram passadas por um pai. Um excelente pai.
Hoje, com seus mais de 80 anos, não perdeu a alegria de viver e de se entusiasmar com o conhecimento e com o amor.
Gibran Khalil, em sua obra, o Profeta, (um dos livros que meu pai me presenteou no Natal de algum ano) diz que os pais são os arcos, e os filhos as flechas. Meu pai se esforçou muito para lançar 12 flechas no mundo. Arqueou-se o máximo que pode e ainda o faz. Vi situações, em que o arco quase quebrou. Mas isso não aconteceu. Ele estava indo no limite mesmo, é onde ele gosta de viver…
Recentemente, Maria, a mulher que trabalha com ele e com minha mãe há mais de 40 anos, após uma semana em que todos os filhos, que moram no Brasil e no Exterior, estiveram em dias diferentes em sua casa, comentou com sabedoria e simplicidade: “Como é bonito um pai amar seus 12 filhos com a mesma força!” Foi bom ouvir isso de alguém que o estava observando por um ângulo diferente. É raro nós, filhos, termos esta paisagem, pois sempre estamos vendo o pai de outro ângulo, com nossas expectativas e comparações infantis e irreais.
Por isso, pai, você merece toda a minha reverência e meu respeito neste dia.
Você foi e é um grande pai. Obrigado!
(Homenagem ao Dr. Gustavo Lauro Korte Jr, feita em 11 de agosto de 2019)

Last modified: 21/08/2019

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