Além da parede externa de casa, nada havia. Nada havia neste espaço.
Há um ano, na pouca terra que tem no canteiro do jardim de casa, plantei uma videira.
Em poucos dias perdeu todas as folhas. Achei que tivesse morrido, mas esperei.
As chuvas de março do ano passado chegaram e, com elas, surgiram as primeiras folhas de esperança.
A planta cresceu e onde não havia nada, passou a existir um galho verde. Do galho saíram folhas e de um pequeno ramo um cacho com minúsculas flores.
As flores cresceram e se transformaram em broto.
Do broto nasceu a fruta.
A fruta cresceu, ficou verde e agora está amadurecendo.
Não inventei a videira.
Nem sei como foi feita a terra onde ela foi plantada. Tudo parece um milagre.
Alguém fez uma muda em algum lugar deste Brasil verde e eu a trouxe para minha casa. Coloquei na terra que tudo nos provê e observei.
Vento, sol, frio, água da chuva e do esguicho, temperados com o tempo, a vontade da videira ser quem é, e produzir o que sabe produzir, acrescidos de esperança fizeram a planta crescer com muitos galhos.
E hoje, onde não havia nada, agora há, uma planta linda com frutos lindos aguardando serem colhido no momento certo, por fome ou simplesmente prazer, cumprindo seu destino.
Em mim, esta planta guerreira com sua força e paciência, sendo quem ela é, já deu um bom presságio para o início do ano de 2020.
Aspiro para este novo ano que saibamos plantar coisas boas, sendo quem somos, sem nos preocuparmos com o tempo, nem com as intempéries da vida, cuidando e eliminando as pragas que podem nos afetar, para podermos colher bons frutos no futuro.
Feliz 2020 a todos !