O pudim

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Ela fazia o melhor pudim.
Conhecido por todos.
Festa, sem ele, não era festa.
O pudim era uma marca registrada.
Podia dar a receita.
Mas ninguém fazia igual.
Não havia jeito.
Era assim mesmo.
O pudim dela era maravilhoso.
Porém, não se sabe o porquê as festas já não contavam com este doce feito pelas mãos e com o carinho dela.
Ela havia ensinado a funcionária a fazer, mas não era a mesma coisa.
Todos elogiavam o pudim substituto, mas só por educação.
Anos se passaram e nada do pudim.
A casa estava triste.
Em um sábado de agosto, nova festa da família. Os olhares mostravam que era um dia bom. Não tinha ninguém de fora. Só a família. Às vezes, é melhor assim.
Depois do almoço tomo um susto. O pudim estava lá. Só restava uma pedaço. Experimentei rapidamente lançando mão da primeira colher, já usada.
Não há problema em usar os talheres da sua família. Como diz o mestre, o que nos suja não é o que entra em nossa boca, mas sim o que sai do coração.
Era ela que havia feito aquele pudim! Que saudade!
O pedaço restante era razoável para uma pessoal. Olhei ao lado e vi que não tinha ninguém. Era todo meu! Após a minha primeira colherada apareceu o filho de 6 anos: o que vc está comendo, pai?! Tomo um susto.
Ele ainda não havia experimentado o pudim da avó que havia adoçado toda a minha infância.
Comeu uma, duas e três colheradas. Lambeu os beiços e pediu mais. Havia acabado.
Virou-se para a avó que estava se avizinhando nesta hora e disse:
Vó, faz um inteiro para eu levar para minha casa?
Comi apenas uma colher, mas fiquei satisfeito.
O pudim era o sinal que a alegria havia voltado naquela casa!
O fogo invisível voltou a aquecer a família!
(Paulo Thomas Korte, agosto de 2019)

Last modified: 21/08/2019

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