Sete anos sem florir
Sem sorrir
Para a vida
Sofrida
Doída.
O jardineiro pensou cortá-la,
Se o Mestre secou a figueira sem frutos
Porque raios ele não podia cortar
A primavera sem flores…
A esposa, com paciência, alertou:
“Se adubar bem,
Quem sabe
No próximo ano
As flores vêm”.
Num novembro chuvoso
No sexto ano sem flores
O vento
A chuva
A terra úmida
As raízes encharcadas
Tudo junto
Naquela noite
Deixaram a primavera no chão.
Tombada
Arrasada
…
O jardineiro olhou a cena,
Pensou e decidiu:
É o fim
Desta abestada.
Mas a noite passou
A chuva acabou
O sol raiou
A paciência recobrou
Por que não tentar mais um pouco
O fim virá
Mas pode esperar.
(Por que cortar
Se podemos amar?).
…
Uma gambiarra
Feita de corda
Gancho velho de rede
E um pedaço de pau
Tudo junto
Pôs de pé a primavera de novo:
Lá estava ela,
Meio torta,
Sem flor,
Mas amada e
Cuidada.
No inverno seguinte
O jardineiro já estava sem esperança
Caíram todas as folhas,
Coisa incomum
Naquele ser
Deve ter sido adubo demais.
Ou adubo de menos.
Sei lá.
A dúvida não ficava para trás.
Querendo ajudar
Às vezes fazemos é atrapalhar.
Ainda não chegada a primavera
Mês de setembro
O milagre aconteceu
A árvore floresceu
E não foi pouca flor
Ela está TODA FLOR!
Uma beleza inigualável
Uma cor nunca vista
Enchendo a alma.
Da família que,
Junta
Com amor
Tolerância
E conhecimento,
Esperou
A primavera
Crescer
Amadurecer
E no
Seu
Tempo:
Florescer!