Anúncio da Primavera

Poemas

Sete anos sem florir

Sem sorrir

Para a vida

Sofrida

Doída.

 

O jardineiro pensou cortá-la,

Se o Mestre secou a figueira sem frutos

Porque raios ele não podia cortar

A primavera sem flores…

 

A esposa, com paciência, alertou:

“Se adubar bem,

Quem sabe

No próximo ano

As flores vêm”.

 

Num novembro chuvoso

No sexto ano sem flores

O vento

A chuva

A terra úmida

As raízes encharcadas

Tudo junto

Naquela noite

Deixaram a primavera no chão.

Tombada

Arrasada

O jardineiro olhou a cena,

Pensou e decidiu:

É o fim

Desta abestada.

 

Mas a noite passou

A chuva acabou

O sol raiou

A paciência recobrou

Por que não tentar mais um pouco

O fim virá

Mas pode esperar.

(Por que cortar

Se podemos amar?).

Uma gambiarra

Feita de corda

Gancho velho de rede

E um pedaço de pau

Tudo junto

Pôs de pé a primavera de novo:

Lá estava ela,

Meio torta,

Sem flor,

Mas amada e

Cuidada.

 

No inverno seguinte

O jardineiro já estava sem esperança

Caíram todas as folhas,

Coisa incomum

Naquele ser

Deve ter sido adubo demais.

Ou adubo de menos.

Sei lá.

A dúvida não ficava para trás.

Querendo ajudar

Às vezes fazemos é atrapalhar.

 

Ainda não chegada a primavera

Mês de setembro

O milagre aconteceu

A árvore floresceu

E não foi pouca flor

Ela está TODA FLOR!

Uma beleza inigualável

Uma cor nunca vista

Enchendo a alma.

Da família que,

Junta

Com amor

Tolerância

E conhecimento,

Esperou

A primavera

Crescer

Amadurecer

E no

Seu

Tempo:

Florescer!

Last modified: 22/09/2021

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