Uma crônica de BARBARA GANCIA

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São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2002

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BARBARA GANCIA

Bucicleide quase cria incidente diplomático com Cuba
É sempre assim. Justo quando eu penso em comemorar o fato de que Bucicleide
sumiu do mapa, pimba! Minha tresloucada amiga reaparece com uma história
mirabolante.
Não via Buci, digo, Cleide desde o Natal. Soube que ela se envolvera sentimentalmente
com um loiro monumental, parecido com aquele do desenho animado “Pocahontas”.
Como em se tratando de Bucicleide tudo é possível, imaginei que, a esta
altura, ela já estivesse vivendo em Wyoming e aprendendo a dançar com lobos.
Pois não é que, na segunda, a epítome do desvario desaba aqui em casa para
me contar sobre sua fracassada viagem a Cuba? Ouça só: o loiro que minha
amiga tantã fisgou é afeito aos prazeres da vida. De seu repertório hedonista
constam o mergulho e os charutos cubanos. Arteira como sempre, Buci resolveu
unir o útil ao agradável e sugeriu que eles fossem passar uma semana de
amor em Cuba. Infelizmente, para ir a Cuba deve-se obrigatoriamente fazer
como os cubanos. Ou seja, usar de algum meio de transporte caindo aos pedaços.
Ao desembarcar do táxi em Guarulhos, Buci já estava arrependida de ter sugerido
um local que não possui nem mesmo uma mísera lojinha da Victoria Secret.
Mas foi quando ela entrou no avião, um Ilyushin 62, que sua compunção falou
mais alto.
Assim que viu as poltronas puídas da classe executiva, Bucicleide começou
a esbravejar: “Nesta chaleira velha eu não viajo, alguém me tire daqui!”.
Uma aeromoça tentou acalmá-la: “Pero, mi señora, nuestro presidente viaja
en este mismo aeroplano!”. Bucicleide não quis nem saber. “Cada um com seus
problemas. E não me venha chamar de presidente aquele ditador barrigudo.”
Deu branco no salão. Dois passageiros barbudos ameaçaram levantar para tirar
satisfações. Buci não se fez de rogada. “Nem mesmo no ônibus da viação São
Geraldo para Garanhuns as poltronas estão neste estado. E, se o interior
do avião está reduzido a isso, que dirá os motores!”
Em meio às vaias dos simpatizantes do regime cubano, Buci, enfim, desceu
do avião. Passou novamente pela Polícia Federal e foi, bonita, fazer compras
no free shop. Claro, quando o rapaz do caixa verificou que ela não havia
deixado o país, ordenou que devolvesse às prateleiras o salmão, o patê e
os perfumes. Mas não pense que isso a desanimou. Amanhã dona Bucicleide
e seu loirão embarcam para um hotel cinco estrelas nas Grenadines.

Last modified: 26/08/2019

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